quarta-feira, 17 de julho de 2013

Sobre JMJ, protestos, religião e política

Ontem uma amiga-querida-parceira-ativista me fez a seguinte pergunta: "como fica o coração católico-ativista com atos na recepção do papa?" Confesso que achei engraçada a pergunta. Engraçado porque vejo esta separação: católicos (cristãos) e ativistas estão do mesmo lado desta trincheira. Olhando a vida de Jesus percebemos claramente o quão revolucionário e, por que não, político Ele foi em suas declarações e atitudes: basta ver como Sua presença incomodou os poderosos da época.

Muita gente defende que política e religião não se misturam. Eu discordo. Acredito que uma fé apolítica é uma fé vazia; uma fé alienada. Não é esta fé que eu professo. A minha fé é uma fé de atitude, uma fé de obras, como diria pe Dehon. A minha fé cristã me faz ir às ruas por mais igualdade; ou por mais respeito ao parto e ao nascimento. Isso é ser cristão. Ser cristão não é ficar 24h enfiado na igreja olhando para o próprio umbigo. O nome disso é acomodação.

Mas voltando à JMJ e ao atual momento de tensão que vivemos em nosso país. Primeiro tenho que dizer que não é coincidência. Acho que será excelente nos manifestarmos agora, quando o mundo nos estará olhando. Será que nossa polícia terá coragem para atacar covardemente os manifestantes na frente do papa - e das lentes da imprensa mundial? Espero que não mas, se fizer, certamente teremos mais força na nossa defesa. Deus sabe das coisas, e acredito que nos mandou tantos eventos internacionais na hora certinha.

Depois que a pergunta foi lançada à minha mente, fui lendo uma coisa aqui, outra acolá e percebi duas situações bem interessantes. De um lado, a grande mídia com manchetes como "Abin avalia que manifestações podem ser 'fonte de ameaça' à JMJ" (O Globo de hoje); e de outro, os noticiários católicos dizendo coisa bem diferente. Olha só este trecho, que eu extraí do blog da Canção Nova:

"Os manifestos fazem parte de um país democrático, diz Dom Orani, e demonstram a voz do povo insatisfeito e que reivindica um Brasil mais justo, com mais saúde e educação para a população.

É nesse sentido que Dom Orani destaca a JMJ como um evento positivo, que traz também o sonho da juventude consigo. “Uma juventude que tem valor; valores cristãos que também querem mudar o mundo com um coração de justiça e de paz e que pode dar um olhar diferente para estas reivindicações aqui no Brasil, na sua maioria, com o desejo de buscar tempos melhores”.

Para o arcebispo, a Jornada é uma boa proposta para que a juventude de todo o mundo manifeste seu desejo de fazer a diferença, impulsionada por valores cristãos. Segundo ele, os católicos, por meio da JMJ, podem também reivindicar e colaborar para a melhoria das realidades no país."

Aí eu me pergunto: a quem interessaria colocar a juventude católica - e a própria Jornada - como opositora às manifestações? A quem interessa a desunião? Pergunto ainda qual seria uma fonte de informação mais confiável. O jornal que mostrou os manifestantes como vândalos criminosos, na minha opinião, não é confiável.

Nestes próximos dias estarei bastante envolvida com a JMJ. Finalmente ela chegou!! Foram cerca de dois anos de expectativa, preparação, planos...por tudo isso, nos próximos dias me reservo o direito de viver a Jornada como católica que sou...mas vou adorar aplaudir alguma manifestação que cruzar nossas procissões. Estamos juntos por um país melhor e mais justo!

(escrevi este post super na correria, apenas para não perder o momento...perdoem a "tosquice", sim?)

Nenhum comentário:

Postar um comentário