quinta-feira, 11 de julho de 2013

Vida que segue. Aos trancos, mas segue

Resolvi que já era hora de voltar a frequentar salão de beleza. Tanto tempo doente, tanto tempo com o cabelo caindo...a vida andou me maltratando. A estampa tá precisando ser cuidada. Foi assim que, esta semana, fui ao salão.

Conversei com a querida cabelereira porque né, ainda não posso usar a maioria dos produtos. Então, só queria mesmo lavar, cortar e escovar.

O cabelo tava ruim. Caiu muito, está ressecado. Os buracos sumiram, mas existem hoje, ao redor da cabeça, uma multidão de fios com uns 10cm apenas de comprimento...e uns poucos - pouquíssimos - sobreviventes do cabelo original. Ela olhou, olhou e decretou: vamos tirar só uma pontinha de nada. Conforme os cabelos novos cresçam, a gente vai melhorando o corte.

Aí partimos para a escova. Fiquei lá, vendo o meu cabelo ralo, sem brilho, sem vitalidade ser esticado com ar quente. Irônico, né? Passei toda a minha vida preguejando contra o volume dos meus cabelos, e agora ver aquele tico minguado que habita a cabeça foi me dando uma angústia...

Nunca mais tinha ficado tanto tempo me olhando pelo espelho. Na verdade, ando fugindo de espelhos. Mas agora, ali, era eu e o espelho. Eu e minhas olheiras. Eu e a pele flácida. Eu e a pele sem brilho. Eu e a sobrancelha por fazer. Eu e meu cabelo minguado sem vida. Eu e as marcas dos últimos meses. Chorei.

O choro começou com um nó na garganta...nó na alma. Tanta coisa. Tanto amargor sufocado...quero ser forte, quero ser feliz. Me forço a felicidade. Não entrego os pontos. Mas ali, diante de uma Mariana nada bela, diante de uma Mariana sem viço, sem cor...naquele lugar onde tantas vezes me senti a mais poderosa das mulheres, onde reforçava para mim mesma que eu era o máximo...doeu. E eu chorei.

Não chorei apenas a aparência. Chorei tudo o que passou. Chorei quase ter morrido. Chorei não poder mais ser aquela que fui. Chorei agora com força. Chorei de soluçar. Chorei de chacoalhar o corpo todo. Chorei de saudade de mim. Porque ali, naquela cadeira, eu já tinha sido aquela que não sou mais. Ali, naquele salão, eu sorria, tomava espumante, brincava e era bela. Eu não tinha medo do sol, nem do formol dos produtos. Eu era poderosa.

A cabelereira parou assustada. Me abraçou, chorou comigo. Perguntou se eu queria parar. Não, não queria. Vamos "menospiorar" a fachada! Vamos fazer o que der. Aos opucos vai melhorando. O pior já passou.

O cabelo ficou mais ou menos. A alma saiu aliviada. Chorar é bom. Alivia a gente.

Semana que vem eu volto. Acho que vou fazer uma hidratação...
:)

Um comentário:

  1. preço que a gente paga em prol da maternidade. eu tbm ando assim. minhas filhas são minha prioridade. preciso saber por onde anda minha auto estima. há tempos que não encontro com ela! :/

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